Estou de regresso a Bissau depois de nove dias nas ilhas. Já devia ter escrito antes mas a ausência prolongada tem alguma justificação. Como podem imaginar nem sempre é fácil arranjar tempo para tudo e torna-se ainda mais complicado escrever no meio da agitação do mercado financeiro da Guiné-Bissau e de toda a actividade bolsista na capital… De qualquer modo é sempre bom saber que alguns leitores (dois ou três…) assíduos aguardam por novo texto ou fotografias.
Voltando às ilhas. Quando se pensa na Guiné-Bissau a primeira ideia que nos vem à cabeça não é certamente a de ser um país para férias. Acontece que este país surpreende muita gente. Eu felizmente já sabia que havia muito mais para além do país pobre que todos imaginam. É verdade que ser o 3º país mais pobre do mundo segundo o Índice de Desenvolvimento das Nações Unidas não é o melhor cartão de visita e o turismo não ganha muito com isso. Acontece, porém, que quem tem tempo e vontade para ver Bissau e o resto do país com outros olhos, tem a oportunidade de conhecer e descobrir muito mais.
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A semana nas ilhas foi muito boa. Férias a sério. Facilita viver aqui para organizar o programa. Com um arquipélago fantástico tão perto não fazia muito sentido estar a procurar mais longe. Decidimos ir uma semana para as ilhas. Junta-se os fim de semana e temos 9 dias para explorar os Bijagós. Tudo isto sem grandes preocupações de tempo ou percursos pré-programados. Assim sabe melhor. Viver uns dias mais em natureza e com paisagens e lugares extraordinários. Fomos a João Vieira, Cavalo, Poilão, Orango, Quéré e Caravela.
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Houve muito descanso activo. Não foram dias de ficar estendido na toalha a queimar. Houve pesca quase todos os dias, dar a volta às próprias ilhas sempre com areia nos pés, conhecer o interior e as florestas tipo selva, passeios de bicicleta, ler bastante, comer bem, e muito mais. Deu para organizar jogos de futebol com as crianças Bijagós ou ensinar a jogar raquetes de praia.
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As paisagens são como seria de esperar paradisíacas e para quem pensa na Guiné-Bissau apenas pelo que vê na televisão ou lê nos jornais, deve ser difícil imaginar que existam ilhas assim por aqui. Há praias de filme com extensões gigantes de areia a perder de vista. Foram dias sem contacto com o exterior, não há televisão, não há rede telemóvel e não há internet.
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Todos os dias temos peixe fresco na mesa e quase sempre carpaccio de entrada. Comemos de tudo um pouco, barracuda, bica, corvina e mais. Pescámos também vários tubarões pequenos e um de mais de 40Kg. Ao contrário das últimas vezes desta vez consegui ter um pouco mais de sucesso. Deu para comer o que pesquei. Tivemos também churrascos na praia e a parte de comer com as mãos…
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Há que estar preparado para as condições dos acampamentos pois não há hotéis de luxo mas não se dorme no chão e há duche. Em geral todas as pessoas que encontramos são simpáticas e somos muito bem recebidos. Não se faz comparações com outros mundos ou se pensa muito na falta de condições. As vantagens são muito maiores. Estive 9 dias sem saber de sapatos e andei sempre descalço ou de chinelos. Claro que cheguei a Bissau e andei alguns dias com os pés pretos e alguns cortes.
3 comentários:
Deve ter sido uma lindissima viagem!
Começei a minha comissão na Guiné com um mês em Bolama.
Não conheci outras ilhas, mas havia praias em Bolama de uma beleza incrivel.
Se a Guiné conseguir estabelizar a vida politica, julgo que o turismo poderá ser sem dúvidas uma óptima fonte de rendimentos.
Abraço
Joaquim Mexia Alves
Descrição fantástica. Verdadeiro Hemingway.
Caro amigo, não seja tão modesto... São mais que 2 ou 3 que seguem o seu blogue, sempre cheio de informação útil e um "olhar" simpático para com a Guiné e as suas gentes!
Continue a rechear com textos e fotos, que nós vamos transportando o pensamento para essas paragens.
Só não vale é insistir nas ostras de Quinhamel porque isso é uma daquelas coisas que dá cá uma saudade!...
Um abraço
Hélder Sousa
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