terça-feira, 12 de outubro de 2010

Pirâmide artificial

As notícias que circulavam há já algumas semanas foram finalmente confirmadas na 5ª feira passada, dia 7 de Outubro, com a nomeação do Contra-Almirante Bubo Na Tchuto para a chefia da Marinha da Guiné-Bissau. De lembrar que no dia 1 de Abril deste ano, Bubo Na Tchuto e o General António Indjai não só destituíram o Almirante Zamora Induta da chefia do Estado-Maior General das Forças Armadas, como chegaram a prender, durante algumas horas, o Primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior. Num momento em que as relações da Guiné-Bissau com (parte d)a comunidade internacional se encontra muito fragilizada, o anúncio da escolha para o cargo de um dos principais suspeitos de envolvimento no narcotráfico da região nada vem ajudar ao desenvolvimento dos acontecimentos. Continuam em Bissau as nomeações políticas livres de qualquer pressão militar…

Deixo parte relevante de artigo recente do jornal Público sobre o assunto.

“O Presidente, Malam Bacai Sanhá nomeou o contra-almirante, Bubo Na Tchuto, Chefe do Estado-Maior da Armada da Guiné-Bissau, mas a representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Catherine Ashton, lamentou-o profundamente.

Bacai Sanhá explicou ter recolocado Bubo Na Tchuto no lugar que já em tempos desempenhara por entender que isso poderá contribuir para a estabilidade de um país muito agitado. Mas a UE, por seu turno, destacou o “papel desestabilizador” de Bubo nos acontecimentos de 1 de Abril último, quando o general António Indjai o foi buscar às instalações das Nações Unidas onde se encontrava refugiado e juntos prenderam o então chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, Zamora Induta.

“É uma tentativa do poder legítimo da Guiné-Bissau, do Governo e da Presidência da República, de criar um clima propício para a implementação da reforma do sector de defesa e segurança”, afirmou Malam Bacai Sanhá aos jornalistas, enquanto Catherine Ashton recordava que o oficial em causa se encontra sujeito a sanções por parte de entidades internacionais, designadamente norte-americanas, por se ter considerado que estava envolvido no narcotráfico que dilacera a vida da África Ocidental.

“A comunidade internacional vai compreender a nossa posição, como compreenderam sempre. Vai compreender a necessidade que nós temos de estabilizar este país e nós estaremos à altura de dar essas explicações”, disse o Presidente guineense, depois de haver recolocado Bubo no lugar que tivera até Agosto de 2008, quando foi acusado de actividades golpistas pelo então chefe do Estado-Maior General, general Tagme Na Waie, que viria a ser assassinado em 1 de Março do ano passado.

(…)

De acordo com as palavras da britânica Catherine Ashton, a recolocação de Bubo Na Tchuto à frente da Armada confirma, se necessário fosse, a militarização da política naquela antiga colónia portuguesa, onde nos últimos sete meses Presidente e Governo têm feito quase tudo o que é desejado por alguns oficiais generais.

Em Junho, o Tribunal Militar guineense arquivou as acusações de alegada tentativa de golpe de Estado que haviam sido formuladas contra Bubo Na Tchuto; e, a partir daí, ele começou a exigir que o colocassem de novo no Estado-Maior da Armada. Isto apesar de o departamento norte-americano do Tesouro o ter colocado na lista internacional de narcotraficantes."

(…)

http://www.publico.pt/Mundo/almirante-que-washington-considera-narcotraficante-foi-colocado-a-frente-da-armada-da-guinebissau_1460395

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