Tabato é uma pequena aldeia a 12km de Bafatá mais conhecida por ali se encontrar instalada uma comunidade de músicos e de gente que vive da música. Para chegarmos à tabanca seguimos, à semelhança de muitas outras pelo interior da Guiné-Bissau, por uma tortuosa estrada de terra ladeada de cajueiros e procuramos encontrar o melhor caminho entre lombas, buracos e vegetação cerrada.
A aldeia é famosa pela enorme diversidade de cantores e músicos que ali vivem e que aos poucos começam a ser ouvidos um pouco por toda a Guiné-Bissau. Tendo mesmo alguns deles conseguido já alguma projecção fora do país. Nesta aldeia as crianças nascem a ouvir música e são ensinadas desde muito novas na arte de cantar e tocar. No seio das suas famílias recebem a partilha dos sons e rapidamente a música lhes entra no corpo ao mesmo tempo que aprendem a dar os primeiros passos.
Esta convivência natural com a música tem como consequência a evolução de alguns como contadores de histórias à moda antiga ou griots, uma espécie de cantores-poeta cujas canções narram contos e lendas da tradição africana. São um elemento essencial da vida cultural pois são eles os transmissores das memórias e saberes. Uma forma de manter sempre viva a história dos antigos, os costumes e tradições do povo em locais onde a escrita tarda em aparecer. Os temas por eles abordados tocam essencialmente a liberdade, o sofrimento, a luta contra a pobreza, os direitos das mulheres e o amor.
Ouvimos várias histórias sobre as suas origens. Segundo alguém os familiares antepassados, avós dos avós, procuravam um lugar para instalar a aldeia quando ouviram sons no meio da floresta. Uma espécie de chamamento não identificado semelhante ao produzido pelos balafons (xilofones típicos em madeira vermelha), e resolveram instalar-se definitivamente naquela área. Outros dizem que a sua história se cruza com as de tribos nómadas oriundas do Mali. Entre estas um grupo de músicos terá agradado tanto o régulo guineense local que este os convidou a instalarem-se na região. Sejam ou não estas histórias fruto do imaginário tradicional, a verdade é que o local ficou popular como centro de música e dança. O artesanato que lhes proporciona um rendimento extra também se desenvolveu, bem como a construção dos instrumentos musicais.
Enquanto passeamos pela aldeia e nos mostram os avanços na construção da casa de visitas, o concerto começa a ser preparado. No centro da tabanca, junto da maior casa, aproveitando o enquadramento e os degraus, os músicos e dançarinos começam a organizar-se. A luz começa a cair e o ambiente torna-se mais propício para o espectáculo. Temos duas ou três filas de homens músicos, à esquerda e ao centro, cada um com o seu instrumento, balafons, jambés e outros de nome desconhecido. Mais à direita posicionam-se as mulheres dançarinas e cantoras. A forma e o à vontade com que os preparativos se desenrolam demonstram como o processo já se encontra mecanizado. Algumas cadeiras são disponibilizadas para acomodar a assistência, nós.
Ouvimos várias histórias sobre as suas origens. Segundo alguém os familiares antepassados, avós dos avós, procuravam um lugar para instalar a aldeia quando ouviram sons no meio da floresta. Uma espécie de chamamento não identificado semelhante ao produzido pelos balafons (xilofones típicos em madeira vermelha), e resolveram instalar-se definitivamente naquela área. Outros dizem que a sua história se cruza com as de tribos nómadas oriundas do Mali. Entre estas um grupo de músicos terá agradado tanto o régulo guineense local que este os convidou a instalarem-se na região. Sejam ou não estas histórias fruto do imaginário tradicional, a verdade é que o local ficou popular como centro de música e dança. O artesanato que lhes proporciona um rendimento extra também se desenvolveu, bem como a construção dos instrumentos musicais.
Enquanto passeamos pela aldeia e nos mostram os avanços na construção da casa de visitas, o concerto começa a ser preparado. No centro da tabanca, junto da maior casa, aproveitando o enquadramento e os degraus, os músicos e dançarinos começam a organizar-se. A luz começa a cair e o ambiente torna-se mais propício para o espectáculo. Temos duas ou três filas de homens músicos, à esquerda e ao centro, cada um com o seu instrumento, balafons, jambés e outros de nome desconhecido. Mais à direita posicionam-se as mulheres dançarinas e cantoras. A forma e o à vontade com que os preparativos se desenrolam demonstram como o processo já se encontra mecanizado. Algumas cadeiras são disponibilizadas para acomodar a assistência, nós.
A aldeia praticamente pára. Todos se reúnem no centro da tabanca e a encenação começa. Os sons dos instrumentos começam a surgir do conjunto e o ambiente aquece. São acompanhados por cantigas faladas e gritos exuberantes. O ritmo é desconcertante. Umas vezes calmo e ritmado outras mais perto da análise clínica. A música contagia e rapidamente crianças e mulheres estão no centro do palco dançando e exibindo coreografias. Alguns participam e outros assistem.
Fruto da necessidade a comunidade já se habituou a solicitar algo em troca pelas suas actuações. Organizam-se e sobrevivem com os rendimentos provenientes do seu desempenho. Umas vezes são pagos em géneros, essencialmente nas visitas a outras aldeias ou participação em eventos locais; do lado dos estrangeiros o pagamento é normalmente feito em dinheiro. A contribuição de todos é essencial para a sua sobrevivência.
Fruto da necessidade a comunidade já se habituou a solicitar algo em troca pelas suas actuações. Organizam-se e sobrevivem com os rendimentos provenientes do seu desempenho. Umas vezes são pagos em géneros, essencialmente nas visitas a outras aldeias ou participação em eventos locais; do lado dos estrangeiros o pagamento é normalmente feito em dinheiro. A contribuição de todos é essencial para a sua sobrevivência.
1 comentário:
Caro Miguel,
Continuo a seguir avidamente os teus relatos escritos ou fotográficos desse país onde mantenho o interesse (e a certeza) de me vir a envolver profissionalmente.
Continuas, por isso, e até certa medida, a ser os meus olhos no terreno! À utilidade das tuas análises - até porque as notícias são parcas e a necessidade de informação da minha parte é muito grande - junta-se, sem dúvida, a qualidade, quer de textos, quer das fantásticas fotografias! Apesar de só agora comentar, sou leitor ávido do teu blog desde o seu início!
Está previsto um workshop nos meus domínios e temas para os próximos meses. Se este se confirmar (até porque já esteve pré-marcado para Março) por aí estarei!
Por agora, força para a tua missão, até porque os objectivos parecem ganhar crescente relevância e pertinência.
Um abraço do teu (ex-)colega AEM
Hugo
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