quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Lund Study

Antidepressants Raise Risk of Pre-Term Birth

Danish women who took antidepressants during pregnancy had twice the risk of pre-term delivery as other women, and their babies were more likely to be admitted to an intensive care unit than those of women who did not take the drugs, researchers reported on Monday.

They said antidepressants, known as selective serotonin reuptake inhibitors or SSRIs, which affect a message-carrying brain chemical called serotonin, may raise the risk of pre-term delivery and affect a baby's health at birth.

Some prior studies have found that drugs in this class can cross the placenta and appear in the umbilical cord blood of babies whose mothers have taken them.

"The study justifies increased awareness to the possible effects of intrauterine exposure to antidepressants," Dr. Najaaraq Lund of the Bandim Health Project in Guinea-Bissau, and colleagues wrote in the Archives of Pediatrics and Adolescent Medicine.

About one in 10 pregnant women experience depression during pregnancy. Because depression can jeopardize a pregnant woman's health, doctors often prescribe antidepressants, but it is not yet clear how these drugs affect a baby's health.


To study this, Lund and colleagues analyzed data on 57,000 pregnancies and deliveries at Aarhus University Hospital in Skejby, Denmark, between 1989 to 2006.

They identified 329 pregnancies in which the mothers took an SSRI medication, another 4,902 with a history of psychiatric illness not treated with an antidepressant, and 51,700 with no history of psychiatric illness.

Women who took antidepressants while pregnant delivered their babies five days earlier than other women in the study, and had twice the risk of pre-term delivery than women with no history of psychiatric illness.

(...)

http://abcnews.go.com/Health/wireStory?id=8757454

http://www.medscape.com/viewarticle/710104

http://www.guardian.co.uk/lifeandstyle/besttreatments/2009/oct/06/antidepressants-linked-to-premature-birth-risk

Parabéns N!

Taça no aeroporto

A taça do Campeonato do Mundo de futebol de 2010, a realizar na África do Sul, chega a Guiné-Bissau na próxima sexta-feira, permanecendo neste país cerca de 4 horas. O troféu não vai sair do aeroporto Osvaldo Vieira, em Bissau, mas estará disponível para ser filmado e fotografado pelos jornalistas. Será também no aeroporto que vai decorrer uma pequena cerimónia de descerramento do troféu pelo Ministro da Juventude e Desporto da Guiné-Bissau, Baciro Dja, que inclui uma intervenção do representante de um dos principais patrocinadores do campeonato. O troféu do Campeonato do Mundo de 2010 começou em finais de Setembro uma viagem por 86 países, que durará 225 dias, tendo a primeira escala ocorrido no Cairo. No passado dia 2, a taça esteve em Cabo Verde, país que, à semelhança da Guiné-Bissau (e talvez Portugal), não vai participar no Mundial. Segundo dados da FIFA, o troféu vai percorrer 134017 Kms e visitar todos os países de África, numa “iniciativa que visa permitir aos adeptos africanos terem a experiência de tirar uma fotografia com a taça”.

http://www.ojogo.pt/Directo/NoticiaHora_futgbissautmundial_071009_183286.asp

domingo, 4 de outubro de 2009

A imagem do poder

Dia nacional. As comemorações do 36º aniversário da independência da Guiné-Bissau, quinta-feira, dia 24 de Setembro, tiveram este ano um simbolismo especial com a realização de uma grande parada militar. A última vez que a capital tinha visto cerimónia igual foi há mais de 20 anos.

Nas palavras do Ministro da Defesa: "O Governo entendeu que este ano devia haver um simbolismo e a data não passar despercebida como em anos anteriores e mostrar que o país está tranquilo e calmo. Estamos na paz. Há um novo Presidente, um novo Parlamento, um novo Governo e nós todos estamos dispostos a trabalhar para a paz e tranquilidade”. O objectivo principal desta iniciativa, segundo o Governo, foi o de mudar imagem das Forças Armadas junto do povo guineense…

Foi montado um palco com bancadas na Av. Amílcar Cabral, em frente ao antigo cinema (UDIB). Os discursos tardaram e foram longos. Muitos esperaram horas de pé debaixo de um sol ardente. Como sempre o público participou em massa e o comportamento cívico foi exemplar. Houve festa.

Ainda antes de partir para a Gâmbia, aproveitei para aumentar o álbum.









quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Bola meio quadrada

A época de futebol na Guiné-Bissau está quase a começar mas a realidade por aqui é um pouco diferente. Não se discutem orçamentos milionários, contratações de grandes jogadores ou se as acções da SAD estão bem ou não. O artigo que transcrevo (após várias correcções ortográficas) do jornal Donos da Bola do dia 23 de Setembro, ilustra bem como a bola pode ser redonda de tantas maneiras.

A Federação de Futebol da Guiné-Bissau (FFGB) entregou no passado fim de semana (19 Setembro) a todas as equipas que militam na Primeira Liga do Nacional de Futebol um lote de materiais desportivos para iniciar a próxima época desportiva (2009/2010). Aquele organismo máximo do futebol, presidido por José Medina Lobato cedeu a cada formação nacional da primeira liga dezoito bolas, trinta e dois pares de botas, dez pares de luvas de guarda-redes, trinta e duas caneleiras, dez postes de treinos, setenta e dois mecos (pinos) normais e mais um meco de trinta e seis cm e ainda setenta e dois coletes.

(…)

O Director da FFGB, Simão Lucas da Rocha, segundo o jornal: “exortou aos dirigentes dos clubes nacionais beneficiários deste donativo para o usarem de uma forma racional ao serviço dos seus clubes para que os jogadores possam, aproveitar ao máximo os aspectos técnicos e tácticos necessários para o desenvolvimento de um bom futebol no nosso país”.

O jornal Donos da Bola ao contrário do que possam pensar não é um jornal desportivo, mas antes um jornal generalista. O título resulta de uma escolha feita pelos alunos que o produzem da Universidade Moderna do país.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Envelope pré-pago

Em véspera de dia nacional fui cumprir o meu dever. A cruz foi feita no quadrado certo. A possibilidade dos que votam fora do círculo nacional tratar deste assunto ao longo da semana é uma grande vantagem. Até porque desta vez, ao contrário das Europeias não votamos nas urnas.

Dei as voltas necessárias, fui à Embaixada, fui aos correios, abri o envelope, passei por casa, fiz as necessárias fotocópias, preenchi o que devia, fechei tudo de novo pela ordem certa e voltei aos correios… pois e paguei 2200 FCFA para votar. Será isto normal? Não haverá aqui nada errado? Na verdade são apenas 3 Euros e meio mas faz algum sentido ter de pagar para votar? Aquela ideia do voto ser para todos, livre acesso, facilidades, etc. Devem ter-se esquecido. Ninguém lhes terá falado em envelopes pré-pagos?

Posso sempre tentar falar com a Comissão Nacional de Eleições ou escrever um email para a página do Sr. Presidente. Mas já sei de muitos que não vão votar porque dá trabalho e ainda têm de pagar…

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Ilhas do mar raso e outro continente

O nível de contraste não podia ser maior e chega a fazer confusão a diferença de privilégios. São mundos diferentes explorados em dias de descanso. Em boa companhia se vai alimentando o espírito. Deixo um pouco das férias em dia de voltar a falar com a SB (quantos anos?) e de festa de Korité.

Primeiro, uma cidade com mais de 8 milhões de habitantes, e que cresce para cerca de 18,9 milhões quando as base é a grande área metropolitana. Desde a sua fundação, em 1625, tem sido um dos principais destinos de imigrantes vindos de todas as partes do mundo. O que faz desta cidade uma das mais cosmopolitas e diversificadas culturalmente.

A região foi habitada originariamente pelo povo Lenape. A história ensina que o primeiro europeu a explorar a região foi o italiano Giovanni de Verrazano. Este terá desembarcado na Ilha de Staten, em 1524, enquanto navegava na costa do continente. Outros exploradores passaram mais tarde pela região, e em 1609 os holandeses apoderaram-se do território. Tendo-lhe dado o nome de Novos Países Baixos e mais tarde de Nova Laranja. Ao londo deste período, Holandeses e Ingleses defrontaram-se várias vezes pela posse da cidade, que passou para as mãos dos últimos em 1674. Um século e alguns anos mais tarde a cidade era capital temporária e local da eleição do primeiro Presidente do país.







Hoje existe muita poluição no ar e na água. O trânsito podia ser bem melhor e o sistema de transporte público necessita de uma rápida remodelação. Será que ninguém reparou que não se consegue respirar no metro? Qual a diferença entre os retalhos do asfalto de Lisboa e o deles? O pior talvez seja andar vários dias à procura por todo o lado de um Haggen Dazs ou Ben & Jerrie’s e nada. Há prédios gigantes, lojas e restaurantes para todos os gostos e um movimento constante da cabeça para cima e para baixo entre uns e outros. Fica-se com dores de pescoço de tanto olhar para arranha-céus em ruas estreitas. Mas também tem coisas boas… é preciso é procurar ou viver por lá.

Segundo, umas horas de viagem mais tarde…

A Geografia teve um papel crucial na história deste país. Em 1492, Cristóvão Colombo chegou ao Novo Mundo pela ilha de São Salvador, a leste deste conjunto de ilhas e ilhéus. Após observar o mar raso em redor das ilhas, consta que terá dito "baja mar" e assim ficou baptizado o arquipélago, também conhecido pelas Ilhas do Mar Raso. No início, antes da chegada do explorador, era habitado pelos índios arauaques e mais tarde, no Séc. XVI, foi ocupada pelos Ingleses. Serviu de refúgio a piratas e tinha como maior exploração o algodão, que entra em declínio com o fim da escravidão. Daí para cá o turismo cresce e passa a ser a riqueza do país. Em 1973 torna-se independente.

Se bem que a sofrer uma influência enorme do continente dominador. Às vezes parece paraíso de filme. As águas são azul-turquesa e as areias brancas. Os tubarões e tartarugas passeiam-se livremente no meio dos barcos afundados...

Desaparecida? Um sinal de vida?


domingo, 20 de setembro de 2009

Rio de lama

A semana passada cheguei ao portão da rua e voltei para trás. Subi e mudei de roupa e vesti calções e sandálias de plástico. Voltei a descer e atravessei a rua. Chovia torrencialmente, um rio corria agora onde normalmente está uma estrada, uma corrente de água cor de lama passava com força e levava tudo pelo caminho. Vi passar garrafas, caixotes, plásticos, tábuas de madeira e outros. Estes eram os visíveis pois boiavam… depois há aquela sensação de entrar na corrente e sentir tudo o que nos bate enquanto caminhamos num rio de lama. Agua até aos joelhos e objectos não identificáveis que nos vão tocando. São só uns metros. Atravessar para o outro lado e saltar. Os carros mais baixos alagados… e chegado ao destino foi trocar de roupa e cumprir mais uma missão. Em Bissau a época de chuva não pode ser impedimento para faltar a programas…

Parabéns à aniversariante que andava pelo Douro.

domingo, 13 de setembro de 2009

Momentos de glória

A travessia de férias terminou e estou de novo em Bissau. Foi um regresso ligeiramente antecipado de modo a assistir à tomada de posse do novo Presidente da Guiné-Bissau (e também por mais algumas razões).

A semana passada foi intensa em Bissau. A cidade preparou-se o melhor possível para receber a visita de muitos ilustres convidados. Procurou-se de várias maneiras remediar as falhas. A chuva intensa do último mês não tem poupado as estradas e nas vésperas do grande dia era possível ver funcionários procurando tapar os milhares de buracos e crateras das ruas da capital com cimento… bem como a terraplenar alguns dos acessos ao local escolhido para a realização da cerimónia. Também se cortava o capim e se tentava varrer um pouco da terra que faz confundir passeio com estrada. Alguns tapumes para disfarçar o indisfarçável. Mas houve um esforço e isso é de assinalar. Uma parte interior do aeroporto foi remodelada e pintada.

Malam Bacai Sanhá, do Partido Africano da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), tomou posse na terça-feira, 8 de Se(p)tembro, como novo Presidente da Guiné-Bissau. O momento solene decorreu no Estádio 24 de Setembro, em Bissau. Nas bancadas cerca 10 mil guineenses aguentaram estoicamente a forte chuva que não queria dar descanso e aplaudiram o seu novo líder, o Primeiro-Ministro, o candidato derrotado Kumba Yalá e os Chefes de Estado participantes.

Estiveram presentes os presidentes de Cabo Verde, Pedro Pires, Senegal, Abdoulaye Wade, Gâmbia, Yaya Jameh, Nigéria, Umaru Yar’Adua, Burkina Faso, Blaise Campaoré e República Árabe Saraui Democrática, Mohamed Abdelaziz, bem como o vice-presidente do Parlamento angolano, João Lourenço, e o ministro português dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado. Outros convidados para a cerimónia foram o primeiro-ministro da República da Guiné (Conacri), Kobine Komara, o vice-primeiro-ministro timorense José Luís Guterres, o ministro moçambicano da Defesa, Filipe Nyusi, o duque de Bragança, D. Duarte e o Secretário-geral da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o guineense Domingos Simões Pereira. As Nações Unidas fizeram-se representar pelo secretário-geral adjunto para os assuntos políticos, o eritreu Hailé Menkerios.

No centro do relvado foi preparada uma enorme tenda para receber estes e outros convidados. O protocolo de estado num esforço louvável organizou um evento que dificilmente sairia na perfeição. De qualquer forma tudo seria mais fácil se os convidados tivessem respeitado a sua hora de chegada e não viessem acompanhados de delegações com o dobro dos elementos previstos.



Em termos práticos saí de casa às 9h da manhã e respeitando o programa estabelecido ocupámos o nosso lugar na área reservada às missões diplomáticas. A tenda enquanto vazia primava pela arrumação. Havia espaços reservados para cada um dos grupos: deputados, antigos chefes de estado e primeiros-ministros, corpo diplomático e organizações internacionais e jornalistas.

Acontece que o enorme número de convidados rapidamente deu para perceber que esta organização seria insuficiente. A cerimónia deveria iniciar-se às 11h. Por volta das 13h00 ainda se aguardava a chegada de alguns dos Chefes de Estado convidados. Durante estas longas horas de demora e expectativa disputavam-se primeiras e segundas filas. Embaixadores de pé à espera de melhor colocação, convidados acomodando-se nos palanques, outros procurando avidamente uma garrafa de água após 4 ou 5 horas de espera. A salva de 21 tiros ficou-se pela metade… e bem espaçados. Não deixo no entanto de louvar o enorme esforço do protocolo de estado. Falta agora aprender com a experiência. Por volta das 16h regressei a casa.

O povo guineense que enchia quase por completo as bancadas do Estádio Nacional mostrou mais uma vez a sua enorme vontade de participação. Perante a chuva que não parava de cair não deixou de fazer a festa. Se bem que o programa tenha sido prejudicado pela chuva, poderia ter sido dado mais atenção ao lado cultural e artístico, aproveitando o momento para uma maior divulgação e espectáculo.

A unidade nacional, estabilidade, restauração da credibilidade do estado, a moralização, a transparência da vida pública, a reforma do sector de defesa e segurança, o combate sem tréguas à corrupção, ao narcotráfico e ao crime organizado constituíram os pontos chaves do discurso de investidura, como aliás não podia deixar de ser.

Nas palavras do Presidente empossado: "O dia de hoje constitui o virar de mais uma página da história do nosso povo e do país, marcado por momentos de glória".

Será desta que um presidente eleito democraticamente termina o seu mandato. Cabe aos guineenses (alguns) responder.



E como desta vez não estava com a minha máquina fotográfica, agradeço ao V. Montero (NU) a cedência das imagens.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Travessia de Verão

Tal como o Capote por algumas semanas troco a época das chuvas em Bissau pelo sol de Portugal, cores de Lisboa, praias dos arredores e outros portos.

Quando regressar escrevo mais e deixo fotografias. Entretanto ficam imagens da semana passada. São do estado em que ficam as ruas à volta de minha casa...






Já não estou habituado a isto de vir à cidade e encontrar prateleiras nos supermercados cheias de gelados...

domingo, 9 de agosto de 2009

Intervalo em terra seca

Algum tempo atrás, em intervalo de eleições e enquanto a época das chuvas na Guiné-Bissau não permite grandes deslocações, deu para ir uns dias aqui ao lado.

Primeiro Santiago depois Fogo. Duas ilhas e as diferenças são muitas.

A Praia soube melhor à terceira. Uns dias de sol e mergulhos com água transparente e muito peixe. Voltar a encontrar alguns amigos e conhecidos. Alguma cultura, maracujá amarelo grande como em João Vieira, leitura em dia e comer gelados no Árctica. Faltou o Prof. ou alguém dizer que ele também estava lá.

Desta vez consegui ir ao Tarrafal. É preciso cortar a ilha a meio, passar pela Assomada e outros lugares que mostram bem a pobreza interior da ilha. Não fui simplesmente pelo passeio mas porque queria visitar o campo de concentração ou campo da morte lenta como também era conhecido. Um pouco abandonado mas a história está lá. A exposição ajuda a contar. Foram 37 os prisioneiros políticos que morreram neste campo; os seus corpos só depois do 25 de Abril regressaram a Portugal.






Agora no Fogo. Uma ilha vulcão com 40 mil habitantes e que tem São Filipe como capital. Uma pequena simpática e íngreme cidade. No fundo um conjunto de casas amontoadas num penhasco sobre uma praia de areia muito preta e mar revolto. Os contrastes das cores vivas dos edifícios e dos azulejos terracota a decorar os sobrados dão alegria. A traça colonial ainda é forte. Vida mais calma e parece haver tempo para tudo. Na Tortuga comi os melhores bifes de atum cozinhados de várias maneiras pelo Roberto. Aqui não há infelizmente.

O vulcão é imponente. Tudo à volta é escuro e pedregoso. No caminho muita lava das várias erupções. Continua activo e é monitorizado diariamente. Começamos a subir na Chã da Caldeiras (a pequena povoação no sopé) até ao topo dos 2829 metros e foram quatro horas de pedra, areia e caminhos estreitos. Isolamento geral e sem turistas. Valeu a pena o esforço. Para recuperar um excelente peixe-serra. No fim visita à cooperativa vinícola onde se faz o conhecido vinho da ilha.

A razão de tantos cabo-verdianos loiros no Fogo vem do séc. XIX e tem um nome: Duque de Montrond.












E a nota histórica: “A Colónia Penal do Tarrafal, situada no lugar de Chão Bom do concelho do Tarrafal, na Ilha de Santiago, foi criada pelo Governo português do Estado Novo ao abrigo do Decreto-Lei n.º 26 539, de 23 de Abril de 1936. O Estado Novo, sob a capa da reorganização dos estabelecimentos prisionais, ao criar este campo pretende atingir dois objectivos ligados entre si: afastar da metrópole presos problemáticos, e, através das deliberadas más condições de encarceramento, enviar um sinal de que a repressão dos contestatários será levada ao extremo. Esta visão está claramente definida nos primeiros parágrafos do Decreto-Lei n.º 26 539, ao afirmar que serve para receber os presos políticos e sociais, sobre quem recai o dever de cumprir o desterro, aqueles que internados em outros estabelecimentos prisionais se mostram refractários à disciplina e ainda os elementos perniciosos para outros reclusos. Este diploma abrange também os condenados a pena maior por crimes praticados com fins políticos, os presos preventivos, e, por fim, os presos por crime de rebelião.”

sábado, 8 de agosto de 2009

Imagem desfocada

Diz a Lusa hoje:

“Há três meses que a TGB, única estação de televisão na Guiné-Bissau, emite escassas horas durante a noite, limitando-se a poucas notícias do telejornal e alguma publicidade.

À Agência Lusa, Eusébio Nunes (o director-geral da estação) explicou que a avaria no excitador do emissor (aparelho que propaga o sinal) é só parte de um "conjunto de problemas" que afectam a TGB ao ponto de os trabalhadores da estação admitirem o seu encerramento temporário.

A avaria (no excitador) é parte de um conjunto de problemas que já existe há muitos anos. Há equipamentos que foram descontinuados, porque estão em funcionamento há vinte anos sem manutenção e as fábricas onde foram produzidos já não existem, contou o director-geral da TGB. Eusébio Nunes deu o exemplo do excitador do emissor agora avariado mas que não pode ser substituído porque a fábrica onde foi fabricado já não existe.

O problema, referiu ainda o director da TGB, foi mais visível na campanha eleitoral para as eleições presidenciais recentemente realizadas no país, durante a qual a televisão praticamente não emitiu.

O excitador avariado foi enviado para Portugal na esperança de ser reparado pela RTP, mas chegou-se a conclusão que era melhor comprar um emissor novo, só que os custos apresentados ao Governo, 40 mil euros, afinal não correspondem ao preço real do mercado. "O Governo arranjou esse valor, contactou-se a fábrica, só que esta já tinha sido encerrada há cinco anos. O Governo contactou um novo fornecedor que lhe indicou que um emissor novo ronda 150 mil euros", explicou Eusébio Nunes.

O Governo está agora em contacto com uma empresa espanhola e Eusébio Nunes espera que dentro de uma semana a "situação fique resolvida". Até lá a televisão vai funcionando com uma câmara, uma unidade de montagem e uma máquina na "régie".

Em todas as áreas há problemas: na central técnica, na régie de áudio e de vídeo, só temos uma unidade de edição com uma ilha de montagem... Torna-se difícil fazer televisão, afirmou o director da TGB. O telejornal é feito com uma máquina. Se não alinharmos as notícias numa única cassete, o apresentador tem que ler lento para que o técnico possa trocar de cassetes, contou.

Os estúdios da televisão não puderam ser visitados pela Lusa, "porque não há electricidade e a sala está escura".

O comité dos trabalhadores já colocou a hipótese de a estação ser encerrada até que haja condições de funcionamento. O director-geral da TGB concorda com a ideia, mas julga que o Governo nem quer ouvir falar desse cenário, devido a um imperativo constitucional.

"A constituição diz que o país deve ter uma televisão, uma rádio, uma agência de notícias e um jornal do Estado", declarou o director-geral da TGB, que tem esperança nos contactos que as autoridades de Bissau têm feito junto do Governo de Angola para resolver o problema."

http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/529942

Quantos países no mundo não têm televisão pública?

Quantas capitais no mundo não têm electricidade?