segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Hospital

Quando se olha para o último Índice de Desenvolvimento Humano publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (em 2007/2008) conseguimos encontrar a Guiné-Bissau na posição 175 e ante-penúltima do ranking. Significa isto que mais pobre é bastante difícil.

Isto para dizer que apesar da enorme beleza do país e da grande simpatia e disponibilidade do povo guineense há que estar também preparado para um país que enfrenta muitas dificuldades e que têm carências que nos custam imaginar puderem existir ainda hoje. Quem visita a Guiné-Bissau tem por isso obviamente de estar preparado para ver quase tudo.

Gosto de mostrar as ilhas e todos os outros lugares fantásticos mas uma visita à Guiné-Bissau fica mais completa quando se visita também o outro lado. Ganha-se novas perspectivas o que é bom. Deve fazer parte do programa passear nas zonas mais pobres, aldeias sem nada, orfanatos ou escolas, para que a visão seja global.

Um dos lugares que talvez mais simbolize o verdadeiro estado do país é o Hospital Simão Mendes em Bissau. É o principal do país mas pode-se dizer sem falhar por muito que tem falta de quase tudo. Existe uma grande falta de meios humanos e técnicos qualificados o que leva à morte de muita gente que noutras circunstâncias nunca teria lugar. Há falta de salas de internamento, camas, gessos, aparelhos raio-x, etc. O bloco operatório por vezes não funciona pois não há possibilidade de anestesiar os doentes. As falhas de electricidade e água até recentemente eram habituais. A maioria das vezes os doentes não têm acesso aos medicamentos uma vez que estes são pagos pelos próprios. Já para não falar da falta de conhecimentos básicos de higiene ou dos problemas típicos de corrupção.




Um dia destes visitei mais uma vez o Hospital e acho que todos os que aqui estão deviam fazer. Deu para ver os bebés nas incubadoras (umas a funcionar outras não) ou também para perceber como é feita a limpeza das batas médicas e lençóis.


A situação durante a epidemia de cólera (em Junho-Novembro do ano passado) foi catastrófica mas parece que aos poucos algumas coisas vão melhorando. Entretanto muita gente vai ficando pelo caminho.

1 comentário:

Hélder Valério disse...

Miguel, cada vez aprecio mais o seu trabalho e a forma franca, leal, honesta mas frontal e realista, como dá a ver aos visitantes do seu blogue a visão total dessa terra maravilhosa.
Obrigado.
Hélder Sousa