segunda-feira, 12 de maio de 2008

Ilhas dos Bijagós

Sabe bem passar o dia com areia nos pés e não termos de nos preocupar. Foram quatro dias sem me calçar. O Arquipélago das Bijagós tem ilhas fantásticas, algumas não habitadas e com praias desertas de perder de vista. Estive quatro noites na Ilha de João Vieira. Prato do dia comer peixe acabado de pescar a olhar para o mar.

Uma viagem de duas horas em lancha rápida a partir de Bissau e pouco depois estamos no destino. Descanso merecido depois de três semanas intensas.


Um francês e uma senegalesa com três filhos pequenos exploram oito cabanas de praia. Uma família que vive o ano inteiro numa ilha deserta. Ao contrário de muitos outros habitantes das ilhas que durante a época das chuvas procuram outros lugares para viver, eles preferem não sair dali e percebe-se bem qual a razão. Não é resort 5 estrelas mas o que se perde em conforto ganha-se no contacto com a natureza. Adormece-se a ouvir as ondas do mar e acorda-se com o canto de milhares de pássaros desconhecidos. Dar a volta a pé à Ilha de João Vieira demora três horas e mais um pouco, as paisagens variam e tudo é paradisíaco. Muito sol, mergulhos e não se encontra ninguém. Temos uma sensação de privilegiados e sentimos isso. Não há televisão, não há rede telemóvel e não há internet mas há tempo para tudo. Terminei de ler o Canto da Missão, uma “viagem pelo coração das trevas da hipocrisia ocidental” sobre a tentativa de pacificação do Kivu no Congo. Obrigado pelo presente.


Visitámos também o Ilhéu do Cavalo e Ilha do Meio. Ao contrário de João Vieira, onde também durante parte do ano vivem algumas famílias de Bijagós, estas são ilhas desertas, completamente desabitadas, pertencentes à Reserva Natural de João Vieira e Poilão. Verdadeiro estilo Lagoa Azul (obrigado Ana) ou Família Robinson (a dos desenhos animados). No barco aproveita-se sempre para pescar e deu claramente para perceber que não é a minha modalidade. Comíamos diferentes peixes acabados de pescar, éramos 14 ao todo e 9 nacionalidades. Havia ainda um cozinheiro togolês que era impossível não elogiar a cada refeição e é incrível ver crianças de 6 ou 7 anos fazerem tudo como gente grande, pegarem em facas, pescarem, remarem e ficarem sozinhas no mar.

Deixo as fotografias contarem o resto e enviei mais pelo webshots. Quem não recebeu e as quiser ver avise.







9 comentários:

catarina poeiras disse...

miguelito,

que fotografias tão deliciosas!!!!

quando voltares da guiné, vais mudar de ramo e vais trabalhar para a national geographic ou isso!!

agora são 9h da matina e (vê lá tu) quando vinha no carro para o colégio, lembrei-me de ti e interroguei-me sobre o que era feito da tua pessoa!

está esclarecido! prevejo umas férias com o teu fã ivo nessas ilhas, claro! :)

beijinhos, catucha
(o ivo também manda um abraço, mas já está na escola muito ocupado a fazer das dele...)

Rogério Peixoto disse...

Escrevi um texto mas não foi publicado, por nabice minha. Reproduzo-o agora:

caríssimo Miguel,
Porventura nem te dás conta, mas és um repórter fabuloso. És também um excelente cronista e eu fico deliciado com as tuas crónicas que me fazem bem. Enfim, todos nós, nas mais variadas circunstâncias, exercemos sempre, pior ou melhor, um mandato missionário. A forma como exerces o teu, na disposição de que dás prova, é muito motivadora para espíritos mais empedernidos como o meu.
Um grande abraço

Bernardo Tait disse...

Grande Miguel,
Esta tua última descição da ilha é fantástica.
9 nacionalidades e um cozinheiro togolês. Muito bom!
A única coisa que me preocupa é aquilo que andas a ler: "Canto da Missão, uma “viagem pelo coração das trevas da hipocrisia ocidental sobre a tentativa de pacificação do Kivu no Congo". És realmente um grande repórter lost in paradise. Abçs!

Bruno disse...

Grande,

Ainda ontem voltei a dizer que te vou aí visitar em Janeiro!... Falei com o Zé, da Maria, que mostrou vontade em juntar-se (isto perante a perspectiva Mali).

Belas fotos (bela experiência de vida).

Boa opção, a da máquina 3 no salão de beleza.

Estive com o teu irmão em Bruxelas – jantarada em grande no "Vincent".

Um abraço de Lisboa, B.

Pedro Pessanha disse...

Olá Miguel,

Confirmam-me as férias em Junho e vamos à Alemanha como estava previsto. Isso não invalida que passe um dia por Bissau. Gostava de carimbar o meu diário de mergulhos com um selo de Bissau.
Ainda bem que avançaste com o blog.
Vemo-nos por aqui.
Grande abraço.

pp

Tami disse...

Meu querido
A tua prosa e as tuas fotografias são tão bonitas que qualquer um, mesmo com medo do muito calor e dos mosquitos desejará conhecer essa terra.Bem hajas!
Um grande beijinho da Mãe

marta disse...

uau miguel
larga a missão que não tem graça nenhuma
eras ainda mais feliz a viajar e a escrever
reportagem supimpa
bjn
marta

Pedro Pessanha disse...

Vem aí uma princesa chamada Teresa.
Em Outubro está "cá fora" para conhecer a família e o mundo.
Abraços.

Anónimo disse...

Gostei muito das fotografias! Para quem se diz amador, nao estao nada mal. Tens bom olho e sentido de espaço, o que é bastante importante para uma fotografia transmitir alguma coisa.