terça-feira, 27 de julho de 2010
Dar a Vida sem Morrer - parte 3
No primeiro documentário, a embaixadora do Fundo das Nações Unidas para a População mostrou o lançamento da primeira pedra do bloco operatório que cobre as regiões de Gabu e Mansoa. No segundo, a construção do mesmo. Neste, pretende mostrar o que aconteceu, agora que o bloco já está a funcionar. "Quantas mulheres deixaram de morrer, quantos meninos nasceram em condições, com assistência, com cesarianas...", enumera, satisfeita com o donativo extra do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD), que lhe permitirá fazer um quarto documentário.
"O IPAD percebeu que as coisas estavam a correr bem e decidiu alargar a proposta a uma outra zona também esquecida, que é Bafatá, e arranjou mais 400 mil euros. No quarto documentário vamos mostrar o que foi feito lá", conta. Este projecto ocupará Catarina Furtado durante, pelo menos, mais um ano."
http://dn.sapo.pt/inicio/pessoas/interior.aspx?content_id=1626199
domingo, 18 de julho de 2010
Dobradinha da águia
Ao longo dos 90 minutos as duas equipas proporcionaram um belo espectáculo de futebol com pendor ofensivo para os encarnados, facto que lhe permitiu a inaugurar o placard aos 25 minutos por intermédio do seu avançado Anssumane, resultado com que as duas equipas chegaram ao intervalo. No segundo tempo os pupilos de Pedro Dias entraram com o mesmo ritmo de ataque, assumiram o controle da bola e aumentaram a vantagem para 2-0; o golo foi apontado por Emiliano.
No cair do pano, os Balantas conseguiram reduzir a vantagem com um auto-golo do defesa central benfiquista, Hilário que num lance infeliz introduziu o esférico na própria baliza.
No final do jogo, o treinador encarnado, Pedro Dias, mostrou-se satisfeito com a conquista, tendo agradecido aos adeptos, aos sócios e aos dirigentes desta equipa e em particular à imprensa, pelo apoio que tem dado à equipa durante a temporada.
“Ontem era difícil chegarmos a este nível mas, se hoje chegamos é porque alguma coisa foi feita, espero que esta organização e a dinâmica se mantenham” disse Pedro Dias.
Por seu turno, o técnico de Balantas de Mansoa, Bacari Sanhá, disse que a vitória dos encarnados é justa porque os jogadores do Benfica sabem gerir bem o resultado, mas também disse que a sua equipa teve muitas ocasiões de golos mas não tiveram sorte, alegando a falta de maturidade aos seus rapazes."
http://www.jornalnopintcha.com/desporto/848-aguia-fez-dobradinha-na-epoca.html
quarta-feira, 14 de julho de 2010
Laboratório na 5ª esquadra
“A Guiné-Bissau enquanto sujeito do direito internacional, proclamou à semelhança dos outros estados modernos, a sua adesão aos princípios e valores universais da democracia e do estado de direito, em consequência, a observância da lei constitui o fundamento, o limite e o critério de actuação de todos quanto ostentam o poder de autoridade, desde os órgãos de soberania até ao cidadão comum. Especial das forças de segurança que têm com missão garantir a ordem pública, cumprimento integral das leis e protecção dos direitos humanos.
Infelizmente, o país foi surpreendido mais uma vez, com as tristes informações do assassinato de um cidadão nacional de nome Fernando Té que foi supostamente espancado no passado dia 10 de Julho até à morte por agentes da Polícia de Ordem Pública afectos à 5ª esquadra, em Bissau.
Esta esquadra de polícia tem sido referenciada durante vários anos, como um autêntico laboratório da prática de torturas, de tratamentos degradantes e desumanos contra os cidadãos, numa clara violação à constituição e aos instrumentos internacionais em particular, a Convenção das Nações Unidas contra a Tortura, Tratamentos Cruéis e Degradantes. Por outro lado, este ignóbil acto, evidencia mais uma vez, a necessidade imperiosa da reforma nos sectores de defesa e segurança, o mais urgente possível em homenagem, aos valores da democracia e estado de direito, nomeadamente, tolerância, Justiça e respeito pelos direitos fundamentais.
Face ao acima exposto, a Direcção Nacional da Liga Guineense dos Direitos Humanos delibera os seguintes:
1. Condenar vigorosamente esta acção criminosa dos agentes da polícia de ordem pública.
2. Exigir do Ministério do Interior a criação de uma comissão de inquérito conclusivo tendente a traduzir à justiça os responsáveis morais e materiais deste acto inaceitável num estado de direito.
3. Exortar ao Comissariado Geral da Policia de Ordem Pública no sentido de tomar medidas urgentes com vista a pôr cobro às práticas reiteradas de tortura nas esquadras de Policia com particular destaque para a 5ª esquadra.
4. Solidarizar-se com a família enlutada e rogando a Deus que a alma do malogrado descanse em paz eterna.”
terça-feira, 13 de julho de 2010
Retrocesso grave
"Na Guiné-Bissau, houve um retrocesso extremamente grave na consolidação do país, na consolidação das condições políticas e na criação de confiança junto da comunidade internacional", disse João Gomes Cravinho na segunda feira, após a apresentação da versão portuguesa do relatório Perspetivas Económicas em África, em Lisboa.
http://dn.sapo.pt/Inicio/interior.aspx?content_id=1617322
segunda-feira, 12 de julho de 2010
Risco de desastre na linha da frente
Durante a cerimónia de tomada de posse do General Indjai, no dia 25 de Junho, foi bem visível nas imagens televisivas a posição que o Contra-Almirante pretendeu ocupar no evento, ao colocar-se na linha logo após o novo Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas. Presentemente o Contra-Almirante não ocupa qualquer cargo de chefia no seio das Forças Armadas. Esta situação provocou um atraso nas cerimónias pois o Presidente recusou-se a entrar na sala enquanto não fosse rectificada a situação. O protocolo de Estado foi obrigado a intervir solicitando ao Contra-Almirante Bubo que se colocasse logo após os três chefes dos ramos das Forças Armadas. Embora contrariado este aceitou as instruções. Só depois o Presidente fez os cumprimentos. Apesar da aparente simplicidade do incidente fica bem demonstrado qual a posição de força actual do Contra-Almirante. Os três chefes dos ramos nada disseram e aceitaram que este se colocasse à sua frente na parada.
As recentes declarações do Presidente da República em reacção aos acontecimentos que envolveram as forças de polícia e os militares, dizendo que o “país não pode ficar para sempre refém das Forças Armadas” deveriam querer significar muito e deveriam implicar grandes mudanças. No entanto os maus exemplos do passado não agoiram nada de positivo. O Chefe de Estado repudiou também na 6ª feira, dia 9 de Julho, o constante envolvimento dos militares em questões do narcotráfico e afirmou que o tráfico de drogas deve acabar no país. Infelizmente, como se sabe, não será apenas com palavras que as situações de abuso e de ilegalidade perpetuadas pelas Forças Armadas irão ter um fim. Serão estas declarações para consumo interno ou apenas para animar a comunidade internacional? Haverá para breve alterações nas chefias dos ramos das Forças Armadas permitindo a nomeação do Contra-Almirante Bubo como Chefe da Armada?
Máscaras africanas
A confecção de uma máscara passa por inúmeros rituais que vão desde a escolha de quem a vai esculpir até ao ritual de purificação que o escultor terá de respeitar com rezas ou evocações aos espíritos ancestrais e às forças divinas. Este trabalho é realizado normalmente no mato ou floresta, longe dos olhares dos restantes membros da tribo. Alguns povos acreditam que a força divina se transfere para a máscara durante o processo de fabrico. Aqueles com crenças intimamente ligadas ao animismo entendem que a alma das árvores se transfere para as máscaras conferindo ao seu portador poderes especiais.
As máscaras são geralmente esculpidas para serem usadas em cerimónias da vida social ou religiosa, como cura de doentes, rituais fúnebres, cerimónias de iniciação, casamentos e nascimentos. Aquelas consideradas sagradas e mais valiosas são cuidadosamente guardadas até nova ocasião para serem utilizadas.
Por serem também uma forma de cada tribo ou comunidade se afirmar perante as outras, as máscaras funcionam também como elemento de afirmação étnica. Ao exporem as características particulares de cada grupo as máscaras apresentam uma enorme diversidade de formas, modelos, técnicas de confecção e aplicação.
domingo, 11 de julho de 2010
Mudar a história do futebol
“O técnico de futebol português Norton de Matos é oficialmente a partir de hoje (10 de Julho) o novo treinador da selecção de futebol da Guiné-Bissau com a assinatura formal do contrato até 2011.
É com grande orgulho que estou aqui hoje para formalizar um contrato, que no fundo só carecia de uma assinatura, porque o acordo já estava feito há dois meses", afirmou Norton de Matos, no final da assinatura do contrato. É uma grande honra, um grande orgulho poder abraçar este desafio, poder abraçar verdadeiramente com garra aquilo que são os objectivos de futebol da Guiné e poder participar, e espero que com sucesso, numa nova via no desporto da Guiné-Bissau através do futebol", sublinhou. (…) Uma das razões que me levaram a aceitar este desafio, e muitas pessoas me chamaram não direi de louco, mas um bocado inconsciente, de aceitar o projecto de uma equipa que em termos oficiais há 10 anos não ganha nenhum jogo, mas se o fiz foi porque vi da parte da federação e do governo, paixão, interesse e dedicação", disse.
Norton de Matos, de 56 anos, vai ter como principal missão organizar a selecção de futebol guineense e preparar a fase preliminar de qualificação para a Taça das Nações Africanas (CAN) de 2012.
A selecção da Guiné-Bissau entra em campo a 4 de Setembro com o jogo contra o Quénia, da primeira jornada de qualificação para o CAN no Gabão e na Guiné Equatorial.”
http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/11284608.html
sábado, 10 de julho de 2010
Produção artesanal - 2ª parte
sexta-feira, 9 de julho de 2010
Soberania do poder das armas
Muitos militares em conversas informais são peremptórios em afirmar que não estão com o seu novo Chefe. No entanto também dizem claramente que neste momento não há ninguém que lhe possa fazer frente e que consiga unir os descontentes contra ele. Aliás referem ainda que dificilmente algum oficial superior aceitaria assumir o cargo sabendo que o Gen. Indjai continuaria activo e com a força das armas do seu lado.
A opção de nomear como Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas, o principal líder do golpe militar de Abril passado, prova bem como as autoridades civis se encontram refém do poder das armas. A escolha, por mais que seja defendida como sendo soberana, não é feita em liberdade e como tal deve ser criticada.
Quando o Presidente da República, Malan Bacai Sanha, afirma que “uma coisa é querer, outra coisa é poder” temos de nos questionar sobre o sentido destas palavras. Ou quando o Primeiro-ministro, Carlos Gomes Junior, reage às criticas da comunidade internacional sobre a nomeação do novo CEMGFA dizendo: “não é uma situação que nós todos desejamos mas são situações que temos de saber gerir, para conseguirmos garantir a paz e estabilidade.” O que devemos pensar? Uma decisão tomada em consciência? Um Primeiro-ministro que propõem para a Chefia das Forças Armadas o homem que o mandou deter? Será que restam dúvidas que a decisão tomada demonstra a submissão do poder civil ao poder militar?
A própria CEDEAO (e portanto não a União Europeia, mas antes os países vizinhos africanos) afirma que a nomeação foi uma imposição contra a vontade do poder político.
Curiosamente o Presidente disse também, recentemente, que a Guiné-Bissau está cansada das críticas e dos puxões de orelhas. O que dirá a Comunidade Internacional face aos acontecimentos à margem da lei que se repetem regularmente? Que está ultra-cansada? Exausta?
Como pode o Chefe de Estado falar em trabalhar para a paz verdadeira e desenvolvimento com as actuais chefias militares no poder?
Mãe de Água de cara lavada
Liga Guineense
"A Liga Guineense dos Direitos Humanos registou ontem, dia 6/07/2010, com profunda tristeza as cenas de pancadaria perpetradas por militares contra agentes da Polícia de Trânsito na Avenida dos Combatentes da Liberdade da Pátria.
Considerando que vários agentes da Polícia de Trânsito foram brutalmente espancados e humilhados nos seus postos de trabalho, por militares, por supostamente terem dado ordem de paragem ao condutor do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, que transportava a sua esposa e filho doente.
Considerando que nada justificava um comportamento deste tipo e que este acto não é isolado, aliás, não é a primeira vez que os militares utilizam a violência para espancar e vexar agentes de polícias de todas as corporações, tendo o mesmo acontecido com a Polícia de Ordem Pública, Judiciária e várias vezes com a de Trânsito.
Infelizmente, este acto acontece numa altura em que a Liga e demais organizações da Sociedade Civil estão empenhadas, sobretudo depois da nomeação do António Injai, na sensibilização da Comunidade Internacional sobre a necessidade de continuarem a apoiar o país na reforma das Forças de Defesa e Segurança.
Este comportamento só vem demonstrar que a instituição militar é o maior obstáculo aos esforços da construção de um Estado de Direito e da consolidação da paz social, e vem revelar a precária situação da segurança no país.
A Guiné-Bissau é um Estado de Direito democrático cujo fundamento assenta no princípio da legalidade, segundo o qual todos, independentemente da categoria social, seja Presidente da República, seja Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, seja um cidadão anónimo das últimas tabancas da Guiné, devem submeter-se ao império da lei, aliás, ela é o fundamento e o limite da actuação das autoridades
públicas no exercício das suas missões.
Pelo exposto, a Direcção Nacional da Liga Guineense dos Direitos Humanos delibera o seguinte:
- Condenar a actuação vergonhosa das nossas Forças Armadas, e responsabilizar o General António Indjai pelo acontecido;
- Exigir a responsabilização dos autores materiais deste acto criminoso assim como a devida indemnização das vítimas;
- Apelar mais uma vez às Forças Armadas para restringirem as suas actuações no estrito limite das suas missões constitucionais;
- Exortar a Comunidade Internacional a continuar a apoiar o processo de reforma das Forças de Defesa e Segurança de forma a podermos constituir umas Forças Armadas verdadeiramente republicanas;
- Manifestar a nossa inequívoca solidariedade para com as vítimas e com o Ministério da Administração Interna.
A Direcção Nacional"
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Os danos da fruta podre
A posição oficial da CEDEAO ficou bem marcada no texto da Declaração final da Reunião de Chefes de Estado e do Governo que teve lugar na Ilha do Sal, Cabo Verde, no dia 2 de Julho. Neste documento os Estados-membros mostram a sua indignação pelas decisões tomadas, consideram-na uma forma de avalizar os acontecimentos de dia 1 de Abril e criticam a indisciplina generalizada que caracteriza os actos no seio da hierarquia das Forças Armadas. No mesmo documento é solicitado ao Chefe de Estado da Guiné-Bissau que reveja a escolha feita e opte por um militar não envolvido nos acontecimentos de 1 de Abril. Foi ainda solicitado que as autoridades Bissau-guineenses criassem as condições para que a comunidade internacional possa continuar os seus esforços no âmbito da Reforma do Sector de Defesa e Segurança. Curiosamente uma nota de Imprensa do gabinete do Presidente da República procurou minimizar as notícias que circularam sobre este tema acusando alguns órgãos de comunicação social de interpretar erradamente a Declaração final. Uma leitura cuidada do documento não deixa margem para dúvidas. Em declarações à imprensa, o próprio Presidente da CEDEAO afirmou que a organização não aceita e não aprova a nomeação do Gen. Indjai como novo CEMGFA. Como referido anteriormente, ele declarou ainda que o processo estava a decorrer bem mas que infelizmente o Presidente Malan Bacai Sanhá nomeou para Chefe das Forças Armadas um irresponsável que liderou um golpe militar no dia 1 de Abril. Esta posição forte da CEDEAO tomou de certa forma as autoridades da Guiné-Bissau de surpresa uma vez que o representante local daquela organização se encontrava presente na tomada de posse do novo CEMGFA (25 de Junho). Essa comparência havia sido encarada como um sinal de aceitação da nomeação. Isto apesar da Reunião de Chefes de Estado Maior Generais das Forças Armadas da organização, prevista para 28 e 29 de Junho em Bissau ter sido adiada. Oficialmente a justificação oferecida foi a de que por razões logísticas não era possível a presença de todos os membros, no entanto de acordo com a comunicação social, várias fontes assumiram que o verdadeiro motivo do cancelamento foi a nomeação do golpista Gen. Indjai como Chefe das Forças Armadas.
Seguindo a mesma linha da CEDEAO, o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Cabo Verde criticou o acto de soberania das autoridades da Guiné-Bissau de nomeação do novo Chefe das Forças Armadas. Nas declarações que prestou destacou ainda que esta decisão irá trazer consigo o cansaço da comunidade internacional.
Também o Brasil se mostrou preocupado com esta nomeação. Em declarações prestadas à comunicação social o Presidente do Brasil, Lula da Silva, afirmou que o seu país está disponível para apoiar a Guiné-Bissau desde que os guineenses resolvam os seus problemas internos. Segundo ele os dirigentes guineenses devem entender que quanto mais divergências tiverem, quanto mais lutas internas tiverem, mais dificuldades terão em receber apoio, sobretudo dos países mais desenvolvidos.
Os Estados Unidos foram os primeiros a juntar-se aos protestos da União Europeia, criticando severamente a posição das autoridades Bissau-guineenses. Se bem que seja sempre mais fácil condenar quando não se tem uma representação diplomática permanente no país, a forma como categoricamente manifestaram a sua recusa em trabalhar no sector de defesa e segurança com as actuais chefias militares é de salutar. Resta porém agora saber se esta posição é para levar até às últimas consequências pois actualmente a Missão das Nações Unidas de apoio à Reforma do Sector de Segurança recebe fundos dos Estados Unidos. O que lhe irá suceder se os Estados Unidos retirar o apoio?
Constata-se desta forma que a posição inicial da União Europeia que parecia de certa forma estar isolada e extemporânea na opinião de alguns parceiros bilaterais e multilaterais da Guiné-Bissau, sai agora mais reforçada e com novos apoios.
A União Europeia foi sempre clara logo após os acontecimentos de Abril e mantém a sua posição uma vez que a situação ao invés de melhorar, piorou ainda mais depois da nomeação referida. A UE entende que o Estado de Direito foi violado, que não foram levantados processos contra os implicados no golpe militar e que o anterior Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas continua a não ver garantidos os seus direitos processuais. Por outro lado, como sempre afirmou, não se encontra disponível para trabalhar com o Gen. Indjai. A recente declaração de 5 de Julho da Alta Representante para a Política Externa da UE deixa igualmente lugar para outras consequências.
Talvez agora aqueles que criticaram a posição intransigente da Comunidade Internacional face ao golpe de dia 1 de Abril comecem a perceber que esses actos e as consequências que dele resultaram não vão ser esquecidos ao contrário de outros exemplos do passado. A margem de manobra já não existe e quem sai prejudicado com este despotismo militar é o povo da Guiné-Bissau.
Em Bruxelas discute-se a partir de hoje (8 de Julho) e nos próximos dias o futuro envolvimento da União Europeia na Guiné-Bissau.
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Movimento nacional
A Direcção do Movimento Nacional da Sociedade Civil para a Paz, Democracia e Desenvolvimento reunida de emergência hoje, dia 7 de Julho de 2010 para a análise da situação de violência protagonizada por elementos das Forças Armadas que, espancaram brutalmente agentes de Polícia de Trânsito em pleno exercício das suas actividades laborais no dia 6 do corrente mês junto ao ALTO-CRIM em Bissau.
Este acto bárbaro atentatório ao Estado de Direito Democrático que envolve a esposa do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas e o seu motorista, perpetrado por militares afectos ao Estado Maior das Forças Armadas, vem mais uma vez demonstrar de uma forma nua e crua a insubordinação das Forças Armadas ao poder político e à ordem constitucional.
Infelizmente, este acto criminoso, de insubordinação e de abuso de poder acontece num momento em que alguns sectores da comunidade internacional questionam a nomeação do General António Injai para o cargo de Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas.
Tendo em conta a gravidade da situação, a Direcção do Movimento da Sociedade Civil delibera o seguinte:
1. Repudiar e condenar com veemência o acto de espancamento dos agentes da Polícia de Trânsito perpetrado por militares afectos ao Estado-Maior General das Forças Armadas;
2. Responsabilizar o General António Injai, Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas pelos actos cometidos;
3. Apelar ao Ministério Público e à Promotoria do Tribunal Militar no sentido de se abrir um inquérito sobre o caso com vista à responsabilização dos autores deste acto;
4. Solidarizar-se com as vítimas deste acto de espancamento bem como com o Ministério de Administração interna.
A Direcção
Mãe de Água e a prepotência
De acordo com a comunicação social, o confronto entre as partes terá começado quando o condutor de um automóvel entendeu não respeitar a orientação que lhe era dada por um agente da polícia de trânsito. Este interpelou o condutor e retirou-lhe a chave da viatura por alegadamente aquele não ter consigo a carta de condução.
O condutor, por sua vez, inconformado com a decisão, comunicou com alguns militares. De seguida o cidadão em causa saiu do automóvel e agrediu violentamente a polícia sinaleira. Os militares contactados chegaram pouco tempo depois e invadiram o local, dando origem aos desacatos.
Segundo a rádio Bombolom, um dos agentes de trânsito garantiu ainda ter visto uma arma na viatura do condutor que terá desrespeitado as orientações do agente. "Ele abriu uma porta da sua viatura e eu vi uma arma nela. Depois ele deixou a arma e pegou no seu cinturão, e pôs-se a bater-me com o mesmo", explicou o agente aos órgãos de comunicação social.
De acordo com a imprensa, a cena terá envolvido agentes da polícia de trânsito, forças da Polícia de Intervenção Rápida (PIR) e militares, provocando significativo congestionamento naquela via pública. O serviço de sinalização na zona, por via do abandono do local por parte dos agentes de trânsito, foi assumido pela Polícia Militar.
Embora não confirmada ainda, vários órgãos de comunicação social referem o condutor do automóvel como sendo o filho do Gen. António Indjai (o líder do golpe militar de dia 1 de Abril e actual Chefe das Forças Armadas).
A Agence de Presse Africaine conta também que as agressões aos polícias foram efectuadas com cintos e com as coronhas de espingardas Kalashnikov (AK-47). Imediatamente após, diz ainda a mesma agência, estes militares terão levado os polícias, entre os quais as quatro mulheres, para o Estado-Maior General, onde os voltaram a espancar, deixando-os “desfigurados e ensanguentados”.
Horas depois, o Comissário da Polícia de Ordem Pública, Bitchofla Na Fafé e alguns outros superiores, reuniram-se com o CEMGFA, Gen. António Indjai.
A Assembleia Nacional Popular tomou conta da ocorrência, tendo agendado para hoje, dia 7 de Julho, uma sessão especial, para a qual convocou os Ministros da Defesa e do Interior, a fim de que se pronunciem sobre o que aconteceu.
Na sequência da sessão especial e da audição dos ministros, foi constituída uma comissão de inquérito, que terá de apresentar um relatório até à próxima 6ª feira. O Ministro da Defesa afirmou ainda que o filho do Gen. Indjai nega ter estado envolvido nos incidentes.
http://dn.sapo.pt/Inicio/interior.aspx?content_id=1612641
http://www.publico.pt/Mundo/guinebissau-filho-de-general-indjai-agrediu-violentamente-policias-de-transito_1445606
Noite cultural - Djintis sta cu nós
Pape de Nha Raça volta a encenar o Agrupamento Cultural Ubuntu, responsável pela peça de teatro, as danças e algumas das canções do programa, que conta também com a contribuição da ArtiS@l com um desfile de acessórios e dos humoristas Barudju / Tchunis, bem como da dupla musical Duo Ndelugan. Para encerrar a Noite Cultural o Agrupamento Musical Furkuntunda promete não deixar ninguém indeferente.
Entretanto, os participantes poderão ver e comprar produtos tradicionais e culturais produzidos na Guiné-Bissau, entre os quais os livros de Kussimon e INEP e os produtos da terra da Tiniguena.
Djintis Sta Cu Nôs representará igualmente uma oportunidade para o Movimento Cultural Ubuntu distinguir três ONGs nacionais que têm pugnado pela defesa e divulgação da cultura guineense, a saber, a AD, Artis@l e Tiniguena elegendo-as Embaixadores Culturais Ubuntu.
Este espectáculo, «transferido» para o Hotel Palace, junta-se a um outro passo dado pelo Movimento Cultural no caminho da sua maturidade, pautado pelos valores da cultura ao serviço do desenvolvimento: o agrupamento cultural acaba de formalizar uma parceria com a ONG ENDA, tendo a seu cargo trabalhos de divulgação e sensibilização de práticas e comportamentos relativos à saúde pública."
Todos os que gostam de partilhar, conviver, aprender e divertir-se são bem-vindos a esta noite cultural.
Entrada: 5000Fcfa.
Tempo de chuva
Segundo a mesma fonte, duas pessoas morreram no Domingo em Bissorã por terem sido atingidas por uma descarga elétrica e outras tantas sofreram queimaduras, encontrando-se internadas no hospital local.
A descarga elétrica apanhou os dois homens em plena bolanha (campo de cultivo do arroz) e os dois tiveram morte instantânea."
terça-feira, 6 de julho de 2010
Declaração da União
"High Representative Catherine Ashton expresses her dismay with the recent appointment of Major General Antonio Indjai, to the post of Chief of Defence staff, as he was the main responsible for the mutiny of April in Guinea-Bissau.
The High Representative recalls her serious concern regarding Vice Admiral José Zamora Induta's unlawful detention and calls upon the authorities of Guinea-Bissau to bring an end to it.
She remains concerned about the situation of impunity regarding the perpetrators of serious violations of the law in the country that undermine the effective primacy of the civilian over the military, which is a key component of democracy and the rule of law.
She considers that the present situation may constitute a violation of the engagements of the Guinea-Bissau with respect to human rights, democracy and rule of law, essential elements within the Cotonou Agreement, calling for a review of the overall engagement of the European Union in Guinea-Bissau."
http://www.consilium.europa.eu/uedocs/cms_Data/docs/pressdata/EN/foraff/115676.pdf
segunda-feira, 5 de julho de 2010
Linha brasileira
“Nós queremos ajudar, mas para que o Brasil possa ajudar é preciso que os guineenses resolvam os seus problemas internos", disse o Presidente Lula da Silva na ilha do Sal, Cabo Verde, depois de uma Cimeira com os membros da CEDEAO.
"Saibam os dirigentes guineenses que quanto mais divergências tiverem, quanto mais brigas internas tiverem, mais dificuldades terão em receber apoio, sobretudo dos países mais desenvolvidos", prosseguiu Lula da Silva, na linha do que têm vindo a dizer os Estados Unidos e a União Europeia.
Aqueles dirigentes precisam “adquirir maturidade”, sublinhou o Presidente brasileiro, que se recusou ir a Bissau, depois do chefe do levantamento militar de 1 de Abril, General António Indjai, ter sido nomeado recentemente Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas.
A CEDEAO, de que fazem parte, entre outros, Cabo Verde, o Senegal e a Nigéria, pediu ao Presidente da Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanhá, que reconsidere a sua decisão de nomear Indjai, uma vez que isso parece uma caução “aos actos de impunidade e indisciplina no seio da hierarquia” militar.
Perante as críticas que lhe foram formuladas no Sal pelos seus pares, o Presidente da Guiné-Bissau limitou-se a comentar que “uma coisa é querer, outra coisa é poder”. Ou seja, que as estruturas políticas daquele país não têm poder suficiente para se opor às decisões tomadas pelas estruturas militares (...)"
http://www.publico.pt/Mundo/lula-promete-ajudar-guinebissau-quando-o-pais-resolver-os-seus-problemas_1445249
Traços no tempo
domingo, 4 de julho de 2010
Indignação solidária
A tomada de posição está expressa no comunicado final da 38.ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que decorreu na ilha cabo-verdiana do Sal, na presença de 13 delegações dos 15 Estados membros.
"A Conferência ficou muito indignada com a nomeação do General de Divisão António Indjai, ultimamente Vice-Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas e único responsável pelos acontecimentos de 01 de Abril, na qualidade de CEMGFA da Guiné-Bissau", lê-se no documento.
"A Cimeira considera essa nomeação como caução dos actos de impunidade, nomeadamente de indisciplina, caracterizados no seio da hierarquia das Forças Armadas. Não é de natureza a criar condições favoráveis para mobilizar a comunidade internacional com vista à implementação do indispensável programa de reforma do sector da Segurança", acrescenta-se no documento.
Nesse sentido, a CEDEAO, "reafirmando a solidariedade" para com Malam Bacai Sanhá, presidente guineense, "convidou-o a considerar a nomeação" de um CEMGFA "não implicado" na sublevação, que levou à detenção de Zamora Induta, até então líder das Forças Armadas, que continua preso sem julgamento.
Os chefes de Estado e de Governo oeste-africanos exortaram também Bacai Sanhá a criar as condições que permitam à CEDEAO retomar os esforços de mobilização de todos os parceiros bilaterais e multilaterais destinados a acompanhar a Guiné-Bissau no arranque "efectivo" daquela reforma."
A CEDEAO solicitou à respetiva Comissão para que, em concertação com os órgãos técnicos competentes, proceder à implementação de um mecanismo de segurança das instituições republicanas.
Por outro lado, "insistiram" na necessidade de alargar o dispositivo de segurança dos testemunhos identificados pela Comissão Nacional de Inquérito sobre os assassinatos de Março de 2009 - do Presidente João Bernardo Vieira e do CEMGFA Tagmé Na Waié - "permitindo a finalização das suas actividades".
Questionados pela agência Lusa sobre a tomada de posição da CEDEAO, quer Bacai Sanhá quer o chefe da diplomacia guineense, Adelino Mano Queta, recusaram fazer quaisquer comentários.
http://www.portalangop.co.ao/motix/pt_pt/noticias/africa/2010/6/26/Organizacao-diz-indignada-com-nomeacao-CEMGFA-Guine-Bissau,40863cf2-1d09-40d3-acf7-292db869e0fc.html
Acto de pódio
"É com prazer especial que a cooperação portuguesa entrega aqui mais um milhão de preservativos. Já é o terceiro donativo deste género que se entrega nos últimos anos, e que corresponde a uma preocupação das autoridades guineenses relativamente ao combate do VIH", afirmou o Adido da Cooperação de Portugal, Guilherme Zeverino."
O secretário executivo do Secretariado Nacional de Luta à Sida, João José Monteiro, considerou que o donativo é mais um "acto de pódio" da cooperação portuguesa na Guiné-Bissau.
http://www.portalangop.co.ao/motix/pt_pt/noticias/africa/2010/6/26/Portugal-milhao-preservativos-para-ajudar-combate-SIDA,aef63f1d-c2dd-41af-9ac5-ac29d52eb377.html
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Soberania irresponsável
De qualquer forma, o presidente [da Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanhá] vem à Cimeira [da CEDEAO] na sexta feira [hoje, na ilha cabo-verdiana do Sal] e vamos falar sobre isso, disse na quinta feira à agência Lusa James Victor Gbeha, salientando a irresponsabilidade da decisão. O processo estava a correr bem, mas, infelizmente, Sanhá nomeou o irresponsável Indjai, o mesmo que criou aquela situação de Abril [no dia 01]. É algo que não aceitamos nem aprovamos, frisou".
http://dn.sapo.pt/Inicio/interior.aspx?content_id=1608640
Fidalgos em álbum
A entrada é gratuita e será uma excelente oportunidade para nos deliciarmos e nos deixarmos surpreender com o talento dos Fidalgos.
O CD "Ai Bissau" estará igualmente disponível para venda (5.000 xof), para todos os que apreciem o estilo ou queiram presentear amigos e familiares!"
Fenómeno escorregadio
No mesmo decreto, é exonerado do posto de chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas o Almirante Zamora Induta, que foi deposto e está detido desde o dia 1 de Abril passado na sequência dum golpe militar liderado pelo próprio General Indjai. Durante esta intervenção militar, o Primeiro-ministro também foi detido sendo libertado horas mais tarde.
Esta nomeação mereceu críticas da Comunidade Internacional em geral e dos Estados Unidos da América e da União Europeia em particular.
E agora?
http://www.panapress.com/freenewspor.asp?code=por012380&dte=29/06/2010
http://dn.sapo.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1603951&seccao=CPLP
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Povo adormecido
Um espectáculo intimista com um dos nomes incontornáveis da música contemporânea da Guiné-Bissau e membro do conceituado grupo Super Mama Djombo. Zé Manel, cantor multifacetado e autor de grandes êxitos apresenta-se num concerto único que contará com a participação especial do dramaturgo Carlos Vaz, numa interpretação de poemas musicados, que inclui uma pequena homenagem ao Nobel da literatura José Saramago.
Entrada: 3.000 XOF
www.zemanel.com
http://www.portalangop.co.ao/motix/pt_pt/noticias/africa/2010/5/26/Musico-Manel-concerto-acustico-homenageia-Jose,5191df50-a754-495b-9965-e1dd58479ae4.html