segunda-feira, 12 de julho de 2010

Risco de desastre na linha da frente

O Contra-almirante Bubo Na Tchuto continua a movimentar-se livremente por Bissau acompanhado pela sua guarda privada de fuzileiros. A comunicação social continua a falar das suas relações com políticos com cargos de elevada responsabilidade. As suas visitas às instalações da Marinha tornaram-se prática recorrente demonstrando assim bem a sua presença e poder diante daqueles que lhe pensem fazer frente. Em Abril deste ano foi colocado pelos EUA na lista de suspeitos de envolvimento no tráfico de droga.

Durante a cerimónia de tomada de posse do General Indjai, no dia 25 de Junho, foi bem visível nas imagens televisivas a posição que o Contra-Almirante pretendeu ocupar no evento, ao colocar-se na linha logo após o novo Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas. Presentemente o Contra-Almirante não ocupa qualquer cargo de chefia no seio das Forças Armadas. Esta situação provocou um atraso nas cerimónias pois o Presidente recusou-se a entrar na sala enquanto não fosse rectificada a situação. O protocolo de Estado foi obrigado a intervir solicitando ao Contra-Almirante Bubo que se colocasse logo após os três chefes dos ramos das Forças Armadas. Embora contrariado este aceitou as instruções. Só depois o Presidente fez os cumprimentos. Apesar da aparente simplicidade do incidente fica bem demonstrado qual a posição de força actual do Contra-Almirante. Os três chefes dos ramos nada disseram e aceitaram que este se colocasse à sua frente na parada.

As recentes declarações do Presidente da República em reacção aos acontecimentos que envolveram as forças de polícia e os militares, dizendo que o “país não pode ficar para sempre refém das Forças Armadas” deveriam querer significar muito e deveriam implicar grandes mudanças. No entanto os maus exemplos do passado não agoiram nada de positivo. O Chefe de Estado repudiou também na 6ª feira, dia 9 de Julho, o constante envolvimento dos militares em questões do narcotráfico e afirmou que o tráfico de drogas deve acabar no país. Infelizmente, como se sabe, não será apenas com palavras que as situações de abuso e de ilegalidade perpetuadas pelas Forças Armadas irão ter um fim. Serão estas declarações para consumo interno ou apenas para animar a comunidade internacional? Haverá para breve alterações nas chefias dos ramos das Forças Armadas permitindo a nomeação do Contra-Almirante Bubo como Chefe da Armada?

1 comentário:

Pamela disse...

parabéns pelo blog!